domingo, 14 de dezembro de 2014

Estágio universitário voluntário de Lisa Gilari. Breve relatório final.


Petrolina-PE, setembro - novembro de 2014
Um, dois, três .. cheguei ao destino final.
Porque vocês possam entender o que eu senti durante esses três meses e o que levo comigo na volta para casa, quero vos levar na minha viagem desde o começo.
Aqui em Petrolina eu desenvolvi o meu estágio em duas instituições: a primeira é a FUNASE CASEM, Fundação sócio-educacional,  Casa da SEMI-liberdade; A segunda é UNIVASF, Universidade Federal.
Nesses três meses, eu me senti viva, senti meu corpo vibrar com positividade ...
Equipe FUNASE CASEM e BEA
A FUNASE Casem para mim foi um labirinto de relações com as quais tive que me diparar. Relações interpessoais e interculturais que desabrocham como flores, lentamente, passo a passo. Todos as relações precisam de um ponto de contato que eu inicialmente não tinha, pela diferente linguagem e cultura, pelos medos que tanto eu como educadora tanto os adolescentes tínhamos. Foi a curiosidade, a "coisa nova", que me permitiu criar uma ponte entre mim e os acolhidos pela FUNASE Casem. Quatros passos básicos me ajudaram a entrar no papel de educador social: o reconhecimento da "pessoa" que eu tenho na minha frente, um contato físico adequado para o contexto, o olhar e o sorriso.
Minha atitúde profissional como educadora social, também consistiu em não considerar os adolescentes como infratores, criminosos, mas como jovens em um caminho difícil de crescimento, de re-integração. Em muitos momentos compartilhados tentei envolve-los, dia após dia, mesmo com um simples aperto de mão com toda a energia possível .. (admito que neste ponto do relatório, as lágrimas começam a molhar meu rosto, mas está tudo bem ).
Em relação à metodologia de desenvolvimento das atividades com eles, a música foi o canal de comunicação preferencial e fundamental. Ao longo da oficina eles expressaram suas emoções através das palavras das letras de algumas músicas .. eu tentei, portanto, aproveitar ao máximo esta oportunidade para derreter o gelo que cobria a luz de cada um deles.
A maior emoção desta experiência na FUNASE Casem foi o feedback recebido pelos próprios adolescentes, fundamental para a minha auto-avaliação. Se desenvolveu aquela atmosfera de consideração mútua, eu poderia até dizer íntima .. usar este termo para enfatizar que, com cada um deles criei uma conexão diferente.
A única coisa que eu lamento é ter que interromper meu trabalho com eles, deixá-los agora, na routina do dia a dia que para eles, as vezes, è algo de pesado.
UNIVASF - Curso de italiano intermediário
Quanto a UNIVASF ... bem, eu posso dizer que foi uma experiência única. O papel de "professora" que desenvolvi ao lado do meu orientador Tutor Nicola A. não foi tão difícil, mas não pode ser subestimado. Era simplesmente eu mesma, propondo tudo o que poderia ter criado aulas divertidas, sempre interessantes mesmo trabalhando com os conteúdos programados!
O que eu aprendi com esta experiência?
Além de escutar, de observar, há uma consciência de uma dimensão profunda que eu vou levar comigo: a dimensão da “Espera”. Os sucessos não vem de imediato, mas ... podem chegar, depois de muito tempo, até de repente.
UNIVASF
Gostaria de relatar este exemplo que considero essencial: o adolescente C., durão, não era para ser abordado por qualquer pessoa. Um dia eu decidi sentar-me em frente a ele e lhe fazer perguntas simples, como "como você está?", "O que você fez no fim de semana?", "Você viu que belo dia é hoje?". Seu olhar estava fixo em um vácuo, nunca olhava para mim e suas únicas respostas, não-verbais, eram de colocar os polegares para cima ou para baixo para responder sim ou não. Esta situação repetiou-se por vários dias, mas eu não desisti. Um dia, na mesma situação, olhou para cima, me olhou diretamente nos olhos, sorriu para mim e começou a falar sem parar como um rio na cheia.
BAM BAM BAM .. esta foi a emoção que senti. Dentro de mim havia um concerto de fogos de artifício, eu estava tranquila fora, ouvindo tudo o que eu estava dizendo.
ESPERA (Dicionário) = atenção, tempo, puxar, subir, âncora.

Agradecimentos finais: não procuro colocar nomes, lugares, acontecimentos porque ficaria uma lista interminável.
Dizer ‘Grazie’ é típico de minha língua, mas eu prefiro dizer OBRIGADA POR TUDO !!
Lisa G.
(Estagiária da Universidade de Padova, Itália, curso de Ciências da Educação e da Formação - Educador Social e Animador Cultural)
Equipe BEA - 2014.2

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